quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Mãe adotiva.

Já estava eu bem resolvida
Quando em minha vida algo aconteceu
Quando após uma noticia
Uma criança nasceu
Mas eu já tenho minhas filhas
Já tenho meu emprego e sou  feliz
Uma criança a mais em minha vida?
Será que dou conta?
Já lutei tanto
Já venci
E já chorei
Limpei
Passei
Ilustrei
Uma nova criança agora?
Sim por que não?
Tenho braço forte
Tenho vida inteira
Vou ser mãe novamente
Mão do coração, mas vou ser mãe
Vou dar de vestir
Vou alimentar
Vou amar
Vou dar educação
E por fim quando tudo mais não puder dar
Darei meus ensinamentos de vida
Pra que ele possa vencer
Não sei se vou ver
Mas sei se vou sentir
Sentir como o senti em meus braços
O pequeno que não chorava
O pequeno que não atrapalhou
Hoje virou homem e percebo
É do bem porque teve amor.

Pra vencer tem que dar braçadas.

Uma braçada
Duas braçadas
Vamos, tu consegues
Tu podes
Eu vi
Eu sei
Vamos estais passando a frente
Passas a frente porque és a melhor
És a melhor porque nasceste pra vencer
Cinquenta, cem metros
O mundo
A vitória
A conquista
A bandeira
O troféu
E as medalha a mil que estão penduradas
Olhei o rosto cansado
Vi a mãe que cobrava
Cobrava porque sabia que vitoria é para o forte
O fraco cansa
Para
Fica ofegante e desiste
Mas tu não nasceste pra parar
Tu és peixe
Tu és foguete
Tu és cometa
Tu és forte
Vamos estais chegando à marca dos vitoriosos
Eu vi
Eu sou testemunha
Eu pude ver
Tu não pudeste ver?
Que pena, agora só com hora marcada.

Aquela moça

Vi uma mulher sofrer
Vi chorar
Vi lamentar
Vi vencer e levantar
Vi rir da vida
Vi a barriga grávida que pouco aparecia
Moça de vida amarga
Fez velar apena
Sacrifício
Luta
Contentamento
E descontentamento
Hoje ao olhar o céu
Agradece
Agradece porque venceu
Venceu porque lutou
Lutou, grasnou
Vibrou
Bradou
Esmoreceu
Levantou
Recebeu o louro
E os aplausos
A ti moça
Que lutaste a gloria e o povir
A pátria não te acolheu?
Não te preocupes
Sempre foi assim com as boas moças
Sempre guerreiras
E poucamente reconhecidas
Agora basta, deita e descansa
Dança, bebe e come
Não precisa mais essa luta ferrenha.




quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Eu tentei..

Corri e não consegui alcançar
Corri pra acabar com a injustiça
Corri para varrer todo lixo
Fui detido
Conseguir me soltar
Não conseguir atravessar o lago
Logo famoso
Que se esconde aquele e aquela que tu elege
Corri, corri até me cansar
Mas estou tranqüilo porque eu corri
E tu que ficaste parado e nada fez
Achas que só com dedo resolves?
Que pena companheiro
Eu corri e tu paraste.
 






Eu olhei e vi
Uma piscina cheia de ratos
Um quarto de empregada cheio de baratas
Um colchão de penas de galinha
Uma comida quase podre
Eu olhei e vi
O menino engraxate sem escola
Sem roupa nova
E sem calçados
Eu olhei e vi a mãe tentando abortar
Vi o pai tentando fugir
Vi a sogra esfaquear
Olhei e vi no Senado um bando de bandidos
Vi na cadeia o homem que roubou um chá pra filha doente
Olhei e vi fraude no DNA
vi milhões de dinheiro indo pelo ralo
Olhei e vi a noite sem estrelas
Vi um sombrio luar
Olhei e vi na sua mente o triste preconceito
Olhei e vi no Planalto uma coisa horrorosa que prefiro esquecer
Subi no monte e rezei, chorei, orei e olhei
Olhei e vi
Vi tudo isso
Nossa fecha a janela. 

Tira a mão da aba do meu chapéu.

Tira a mão da aba do meu chapéu
Tu já colocaste a mão no meu imposto
Tu colocaste a mão no meu seguro
Aumentastes os juros
Cobraste o estacionamento
Entraste no planalto e no palácio
Entrou na caminha casa
Fez palhaçada
Disse que pior não ficava
Deu cesta básica pro visinho
Pagou com tanque cheio de gasolina
Prometeu estuda pra minas
Agora não me atende
Não me liga
Cadê o respeito?
Não comes mais carne de bode?
Não freqüentas mais as favelas fétidas?
Não vens mais tocar no meu ombro
E agora quer colocar a mão na aba do meu chapéu?
Tira mão senhor, já falei
Tira mão
Não sou mal educado pelo contrario
Só não sou mais tapado tira a mão da aba do meu chapéu.